Um dos maiores êxitos do grande humorista português. Como sempre mordaz e socialmente crítico, imensamente brilhante. Diz-nos Vilhena que Adão foi «Homem tão feliz que não tinha sogra e tão original que não tinha umbigo», e estatística é «a ciência graças à qual, se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, fica provado que ambos comemos meio frango». Publicado originalmente em 1963 e reimpresso um sem-número de vezes (não se sabe mesmo ao certo quantas), o Dicionário de Vilhena é uma compilação de anedotas e ditos que são um espelho de uma realidade e de um tempo, de uma forma de ser e de uma forma de ver. Socialmente relevantes ainda hoje nas críticas que tecem por entre os sorrisos que provocam, agitadores das mentalidades mesquinhas, implacáveis nos juízos de valor que, apesar dos tempos, não mediam palavras. Como Flaubert fez no seu Dicionário de Ideias Feitas, Vilhena radiografa o seu tempo, o seu país, as mentalidades e as modas (Decote: «Adorno feminino que, se continua a descer, qualquer dia as mulheres andarão na rua com os joelhos à mostra.»). A maior parte das realidades que Vilhena inventaria são, ainda hoje, tão actuais como no seu tempo, muitas vezes são até mais generalizadas: Abrutar «Gigantesco esforço feito pela R.T.P. a favor do povo».
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