Em A Imortalidade somos confrontados com a futilidade e o horror universais, os fast-food, as motos ruidosas, toda a radical «maldade» do mundo, e as pequenas, mesquinhas e inúteis fugas a esse panorama desolador, entre as quais avulta a da busca da imortalidade. Não a imortalidade da alma, mas a imortalidade de quem, pela sua vida ou pela sua arte, aspira a deixar de si um sinal ou uma memória imperecíveis. O sexto romance de Milan Kundera emerge a partir de um gesto casual de uma mulher para o seu instrutor de natação, um gesto que cria uma personagem no espírito de um escritor chamado Kundera. Tal como a Emma de Flaubert, ou a Anna de Tolstói, a Agnès de Kundera torna-se num objeto de fascínio, de indefinida nostalgia. A partir dessa personagem nasce um romance… um gesto da imaginação que personifica e articula o supremo domínio de Kundera sobre o romance e a sua finalidade: explorar a fundo os grandes temas da existência.
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