Viver na cabeça de Lionel Essrog não é fácil. Ele sofre da síndrome de Tourette, não controla as palavras. Quando se enerva saem-lhe frases sem sentido, palavrões, berros. Ou então toca repetidamente nas pessoas, conhecidas ou não. Órfão desde pequeno, viveu num lar para crianças abandonadas, até ao dia em que um gangster de Brooklyn, Frank Minna, o foi buscar - e a mais três rapazes.Cresceram juntos, a fazer biscates, sempre à margem da lei. Lionel, o freak do grupo, não se queixa. Vê no gangster o pai que nunca teve, é aceite por ele, desde que cumpra as ordens. Vive uma existência discreta, ordenada, que cai por terra com estrondo no dia em que Frank é esfaqueado. Lionel, que até a contar anedotas se baralha, tem agora um mistério para resolver e poucas pistas.Numa Brooklyn povoada de máfias italianas e japonesas, navega perdido, empurrado por uma mente que teima em falhar e palavras que não lhe obedecem. Escrito com uma energia maníaca por um dos mais inventivos escritores americanos da atualidade, Órfãos de Brooklyn é uma tour de force no domínio da linguagem.Em Lionel, Jonathan Lethem encontrou a personagem perfeita para se libertar de constrangimentos estilísticos, jogar com as palavras, procurar o caos. E que lhe permitiu reinventar um género, neste caso o romance hard-boiled, e torná-lo ainda mais sedutor.Desconcertante e comovente, Órfãos de Brooklyn recebeu no ano da sua publicação o mais prestigiado prémio literário dos EUA (NBCA) e, no ano seguinte, o mais importante prémio de literatura policial (Gold Dagger). E cimentou a reputação de um autor que, como Margaret Atwood ou Michael Chabon, é especialista em subverter e recriar géneros literários.
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