Ao desmontar a casa dos avós, o escritor e historiador de arte Rafael Cardoso descobre um extenso arquivo de fotografias, cartas e documentos e, para a sua surpresa, aquele precioso tesouro familiar revelou uma história bem diferente daquela que conhecia: são esses vestígios, o ponto de partida de uma tortuosa elonga arqueologia familiar.História e ficção misturam-se na trajetória de Hugo Simon, banqueiro judeu, influente colecionador de arte, político socialista e uma das figuras de destaque na República de Veimar, declarado inimigo do Estado alemão em 1933, logo após aascensão de Hitler ao poder. Fugindo inicialmente para Paris, na companhia de toda a família, Simon viu-se obrigado a procurar refúgio na América do Sul, depois daqueda de França para os nazistas em 1941 e a instauração da República de Vichy. Dos regimes autoritários dos anos 1940, o espectro do Fascismo assombra à distância enquanto Simon, a sua mulher Gertrude, as duas filhas, o genro artista e aventureiro e seu neto enfrentam o desafio de construir uma nova vida a partir das ruínas deixadas para trás.O REMANESCENTE refaz este percurso, de retorno aos tempos em que Hugo nem sonhava com a guerra, muito menos com sua completa descaracterização ao precisar fugir durante os anos em que Hitler avançava e a Europa entrava em colapso. Os detalhes, negados ao autor ao lhe contarem o segredo, foram recuperados, inventados, rebuscados, a fim de dar absoluta veracidade ao texto —como uma retrospetiva em terceira dimensão.A história não contada do seu exílio no Brasil, onde a sua estrada cruza-se com a de outros exilados notáveis como Stefan Zweig e Georges Bernanos, oferece uma perspetiva única sobre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. As experiências de Simon e de sua família são o cerne da narrativa, que tem como pano de fundo um país e uma família em rápida mutação.
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