D. Manuel Il nasceu em 15 de Novembro de 1889, em Lisboa. Sossegado, estudioso e amante da música, teve de interromper os estudos, aos dezoito anos, para assumir o trono em resultado da tragédia que ceifou as vidas de seu pai e irmão. Sem estar preparado para governar, recebeu a pesada herança de um pais em crise profunda a que não foi possível dar solução no curto período do seu reinado. Muito marcado pelos trágicos resultados do papel interventivo assumido por seu pai, seguiu à risca a máxima constitucional de que «o rei reina, mas não governa», acabando por perder o trono na insaciável voragem dos acontecimentos. Após a proclamação da República, viveu um longo exílio em Inglaterra, onde viria a falecer em 1932. Durante o exilio, colocou sempre os interesses de Portugal acima das suas próprias ambições de regresso ao trono e, várias vezes, chegou a intervir em benefício e prestígio do seu país, independentemente do regime em vigor. Atravessou uma época perturbada e perturbante. Nascido num mundo que começava a soçobrar, viveu a grande crise do liberalismo e viu surgir, depois da 1.a Guerra Mundial, a estruturação de um outro mundo, com valores que já não eram os seus, onde despontavam novos horizontes que conduziriam a humanidade para novas tragédias. Percebendo que algo tinha de mudar, nunca cedeu aos arautos dos extremismos e permaneceu toda a vida fiel ao juramento constitucional, feito no longínquo dia 6 de Maio de 1908. A sua cultura e erudição e o imenso amor pelos livros e por tudo o que era português são a marca inconfundível da sua actividade de bibliografo e investigador.
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