Virgínia Dias começou a fazer poemas antes de saber escrever. Inspirava-se nos poetas populares, nos contos da avó, nas peças de teatro que via ao seu colo e que imitava às escondidas. Inspirou-se sobretudo na injustiça, o grande mote da sua poesia. No inferno da ceifa e do suão, na humilhação do manajeiro, no salário de miséria, na escola interrompida aos 11 anos para ir trabalhar no campo, esse campo que é ao mesmo tempo a sua prisão e a sua paixão. Aos 40 anos, o marido descobriu-lhe poemas guardados em gavetas. Tinha vergonha de ser poeta sem métrica. Ocasionalmente, participou em concursos nos quais arrebatou prémios e menções honrosas. Pierre-Marie Goulet filmou-a cantando e dizendo poemas seus na trilogia iniciada com o filme Polifonias.
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