A vida post-mortem de Agostinho da Silva no período sagrado das sete semanas que antecedem o Pentecostes. O «voo mágico» do grande filósofo português narrado por Paulo Borges com uma beleza literária que comove.
EXCERTOS
«Terminado o canto, todos se precipitam, num grande tumulto, para saudar, abraçar e venerar o velho Mestre e amigo, que partira há precisamente sete semanas, no Domingo da Ressurreição. (...) Mas Agostinho, do alto do púlpito, com um gesto firme de ambas as mãos, abertas e erguidas à altura do peito, detém-nos e, voltando e inclinando lentamente as palmas das mãos para cima, em silêncio lhes indica, no gesto e na direcção do olhar grave, o tecto da gruta, ao mesmo tempo que progressivamente se esfuma e dissolve no espaço. Tomados de expectante estupor, todos se voltam então para o alto onde imediatamente ressurge (...) a mesma prodigiosa e ofuscante Luz a brilhar no coração da mais espessa Treva. (...) Toda a ingente assembleia, tomada de intensa comoção (...), imediatamente se ajoelha, com as mãos postas, os rostos primeiro com profundo respeito curvados e logo em devota adoração erguidos. Ao que, do âmago da esplendorosa aparição, no mais fundo silêncio, lentamente emanam e descem áureas e adamantinas coroas de luz resplandecente, imperiais e fechadas numa pequena esfera e pomba, que vêm delicadamente pousar sobre a fronte de cada um, coroando-os e sagrando-os Imperatrizes e Imperadores do Santo Espírito.»
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