Colectânea de nove contos, escritos entre 1976 e 1997, "Água Pesada e Outras Histórias" é o segundo título de Martin Amis publicado pela Teorema, que no ano passado nos trouxera o romance "O Comboio da Noite". Escritor polémico, com a vida privada atirada na última década para as páginas dos jornais, acusado de vaidoso e misógino , o filho de Kingsley Amis é, sem dúvidas, um dos melhores escritores de língua inglesa da actualidade Os contos deste livro abordam os temas recorrentes da obra de Amis (a sexualidade, o mundo literário e das artes, a rivalidade entre os homens ...), plenos de surpresa, imaginação, inteligência e de humor corrosivo. Recortes de imprensa: «Quando a imaginação se alia a uma técnica apurada, o resultado pode ser explosivo. É o caso. Embora sabendo que a adjectivação (em particular a superlativa) não é coisa bem vista no mundo das letras, arrisco a escrever que "Água Pesada", o livro do inglês Martin Amis - nove contos escritos entre 1976 e 1997 -, é genial. « (...) Se a imaginação de Martin Amis não carece de prova, a sua técnica muito menos. Irrepreensível nos diálogos, intocável na maneira como consegue iludir um registo linear - como é o da escrita -, obrigando-o à simultaneidade ou a outros jogos temporais de eficácia tremenda, inteligente nos cortes, nos recomeços, nas ligações, o escritor inglês faz estilhaçar a ordem previsível, reorganizando os seus fragmentos de maneira irónica, quase perversa. «(...) Perante o irrecusável talento daquele que alguns classificaram como o "enfant terrible" da literatura inglesa e outros o Mick Jagger das letras, que importância poderão ter os "fait divers" escritos a seu propósito? O homem tem talento, essa é que é essa. Os livros são bons.» Ana Cristina Leonardo, Expresso, Cartaz, 19.02.2000 «As personagens de Martin Amis são narcisistas, gabarolas, cheias de vícios e parte integrante de uma sociedade desregrada que vai buscar muitos dos seus códigos ao universo MTV e da cultura Pop. (Em 1995, o grupo pop Blur nomeou-o "inspirador" oficial da banda). Num mundo escatológico e ansioso, ele está atento à maneira de falar da gente da rua, à sua capacidade de invenção, agressividade sardónica e desprezo pelas convenções, ao mesmo tempo que mistura a influência do seu meio , o da inteligentsia britânica. « Neste momento, o escritor, considerado o mais representativo da sua geração, tem em comum com o pai a glória de ser uma espécie de consciência de época. Kingsley foi um dos "angry young men"; Martin é o arauto da decadência e desregramento dos anos oitenta e noventa. Ambos utilizam o humor como arma; Martin faz rir convulsivamente e nada do que escreve é "politicamente correcto". Repetidamente, afirma que a perda da inocência e os falhanços são o seu tema favorito e que o sucesso é assunto para ser tratado por Jackie Collins, não por ele.» Helena Vasconcelos, revista(livros), O Independente, 6.02.2000
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