Como dizia um cortesão italiano, na corte dos reis a maior parte do tempo é gasto a conversar, e, completava outro, português, no palácio o saber vidas alheias é o passatempo mais vulgar.Do registo de uma conversação que procurava não deixar esquecer pautas e formas de usos consagrados nas relações sociais de um palácio real, seria tentar perceber em tais registos a arte de conversar. Privilegiamos comportamentos e práticas sociais do cortesão - na corte ou no palácio - sem nos demorarmos na teorização - retórica, sobretudo - que os explica e justifica ou, talvez melhor, os explicaria e justificaria.Por este ângulo, em Corte na Aldeia, obra escrita por um Rodrigues Lobo que nunca terá frequentado uma corte real - Vila Viçosa, com todos os seus esplendores e realengas etiquetas, não era uma corte real, mas apenas uma corte principesca comparável à de algumas cortes italianas do seu tempo -, tentamos descortinar como deveria conversar o cortesão bem acostumado para ser agradável aos com quem pratica; e em Arte de galanteria, pensada por alguém que frequentou, por direitos de berço e sangue e de serviços, a corte de Espanha, procurámos entrever a arte de conversar que, culminando a fina galantaria, era chave dourada da cultura de palácio, essa cultura que os dois autores lastimavam faltar no Portugal do seu tempo.
This product has run out of stock. You may send us an inquiry about it.
This product is currently unavailable. You may send us an inquiry about it.