As relações entre a Inglaterra e o Continente, especificamente a França, não têm sido das mais frutíferas no campo da Antropologia. O renitente empirismo inglês e o não menos renitente racionalismo francês sempre foram obstáculos quase intransponíveis para as boas relações entre antropólogos de um e de outro lado da Mancha. E se sublinho o quase, é porque pelo menos em duas ocasiões essas relações se estreitaram, criando-se praticamente um campo comum, por pouco uma interação de idéias, não fosse a pequena reciprocidade dessas relações, posto que mais do que a ilha, foi o continente que marcou a sua presença. A primeira ocasião foi marcada pela presença da sociologia durkheimiana na antropologia, de Radcliffe-Brown, cujas repercussões no desenvolvimento da antropologia britânica são notórias. A segunda ocasião ”” que nos interessa mais de perto ”” é a que recentemente se deu e ainda está em pleno curso: a influência de Lévi-Strauss sobre Edmund Leach, indubitavelmente dos mais famosos antropólogos britânicos vivos ”” se não o mais. Mas estranhos fenômenos passam a ser observados: não temos mais a transfiguração empirista do racionalismo francês, como foi feita de modo claro ”” e por vezes ingênuo ”” por Radcliffe- Brown. Agora o que se verifica é uma incorporação suí generis do racionalismo, onde, menos do que observar uma certa continuidade de postulados empiristas, impenitente vacina contra os excessos racionalistas, o que se nota é o domínio desse racionalismo, porém sob um novo estilo de se fazer “antropologia empírica” : o curioso e deslocado estilo de Leach.
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