De uma monótona enumeração de casas e nomes a autora faz emergir um espaço urbano. Traça as ruas, localiza os edifícios de maior prestígio, procura descrever a casa de morada, salienta a importância da ponte ou da construção tardia do castelo e tudo envolve com a muralha trecentista. Mas não se limita a apresentar um cenário de pedra e madeira uma vez que guia o leitor através dos múltiplos espaços em que esse restrito espaço amuralhado se transformava mercê das distintas funções que os homens que o habitavam lhe atribuíam. Na verdade, só os homens podiam metamorfosear a limitada área urbana num espaço de utilizações infinitas. Imprimindo-lhe a marca do seu quotidiano, dos seus jogos de poder e dos seus lazeres. Compreende-se melhor um espaço urbano quando se conhecem as gentes que o habitam. Por isso, não é de admirar que a autora tenha deixado os homens de Ponte de Lima protagonizarem o último capítulo. E o leitor pode assim conhecer o lugar de onde vieram, as suas ausências, as gentes que acolhem ou repelem, a relevância das suas elites, a marginalidade das minorias e o quotidiano doméstico das mulheres. E se, ao abandonar Ponte de Lima o leitor sentir alguma pena é porque o palpitar da vida urbana medieval conseguiu insinuar-se nas páginas deste livro.
This product has run out of stock. You may send us an inquiry about it.
This product is currently unavailable. You may send us an inquiry about it.