Embora eu não seja louco, pelo menos à vista, quis olhar para a vida dos loucos. E os serviços públicos franceses não ficaram satisfeitos. Disseram-me: «A lei de 38, segredo profissional, o senhor não vai olhar para a vida dos loucos.» Fui ter com ministros, e os ministros não quiseram ajudar-me. Um, no entanto, teve esta ideia: «Alguma coisa farei por si se alguma coisa fizer por mim: submeter à censura os seus artigos.» Pus-me longe dele, e ainda lá ando.Fui ter com o prefeito do Sena. É um homem muito amável: «Graças a mim», diz ele, «visitará as cozinhas e a despensa.»Como receei que também me levasse a ver as telhas da cobertura, fui-me embora.Voltei-me para os médicos dos asilos.Fulminaram-me:— Acha que os nossos doentes são animais exóticos? — diz-me um deles.Tinha-me tomado por um domador. E para isso ele bastava.Convenci-me então de que seria mais cómodo apresentar-me como louco do que apresentar-me como jornalista. «Vou à enfermaria especial das prisões da Polícia», digo de mim para mim, «e não tenho dúvidas de que me internam lá!»
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