Uma sociedade que faz os seus loucos, define o seu estatuto de loucos, e cria, para tomar conta deles, uma instituição que não pode senão transformá-los em objectos. Não se pode contestar esta objectivação sem se pôr em questão as instituições psiquiátricas tal como as vemos funcionar, a própria psiquiatria, o psiquiatra no seu estatuto de representante do grupo que o sustenta, e ainda as ciências a que a psiquiatria se refere.A realidade da loucura não é, apesar disso, negada neste livro; o que é posto em causa é a sua assimilação a uma doença, quando ela é antes a manifestação de uma desordem que seria apressado crer que se encontra essencialmente no sujeito que dela é portador.
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