As Cartas a Lucílio — Epistulae morales ad Lucilium — são geralmente consideradas a obra mais importante de quantas subsistem da autoria de Lúcio Aneu Séneca. Tal importância deriva de circunstâncias várias: o facto de se situarem cronologicamente entre as produções da última fase da vida do autor e refletirem, portanto, a forma mais amadurecida do seu pensamento; o facto de essa fase de vida de Séneca (que iria culminar no suicídio) se ter revestido de formas especialmente dramáticas que encontram eco, mais ou menos explícito, no texto; o facto de, pela sua própria amplitude, conterem uma soma de reflexões sobre enorme variedade de problemas, na sua totalidade de caráter ético; o facto de tais reflexões, conquanto assentes num quadro teórico perfeitamente delimitado e coerente, se revestirem dum caráter extremamente prático, isto é, de constituírem uma análise de situações concretas e de apreciações de grande agudeza sobre a natureza e o comportamento humanos; o facto de o quadro epistolar escolhido pelo autor para a sua exposição (quer se pense, como estamos em crer, que as cartas representam uma correspondência efetiva mantida por Séneca com o seu destinatário, quer, como alguns entendem, que apenas resultam duma mera ficção literária) se prestar à inclusão de numerosos elementos informativos sobre múltiplos aspetos da vida e da civilização romanas; o facto, enfim, de a natureza dos problemas que suscitam e discutem se revestir de uma pertinência transcendente à época em que foram redigidas e oferecer uma viva fonte de meditação para quem pretenda questionar-se sobre os valores da sociedade em que se insere.
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