D. João IV, da autoria de Leonor Freire Costa e Mafalda Soares da Cunha, dá muita atenção à Restauração e à explicação deste complexo movimento, marcado por uma forte memória simbólica, por vezes mítica, dificultadora da observação do historiador. Sublinhou-se, bem, que não foi um caso único na política europeia seiscentista, mas que constituiu uma «linha efectiva de demarcação de alteridade», transformando-se «num importante factor de formação de uma identidade colectiva politicamente enquadrada num Estado» (p. 272). Neste âmbito releve-se a excelente caracterização dos revoltosos que prepararam e participaram no golpe (p. 27 e seguintes); o esforço para desconstruir a memória de alguns factos; a importância conferida à oposição ao par Diogo Soares / Miguel de Vasconcelos como um dos factores agregadores dos restauradores; ou, em capítulo dedicado às formas jurídicas e parenéticas de legitimação da nova dinastia, o enquadramento ideológico dominante sobre a Restauração, que foi equiparada à libertação do cativeiro babilónico descrita no Antigo Testamento, o que identificava os portugueses com o povo eleito de Deus (p. 155).
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