Gabrielle Wittkop nasceu em 1920, em Nantes, tendo, aos 82 anos, escolhido o suicídio como forma de morte. A «flor venenosa» ou «flor carnívora», como é frequentemente apelidada, fez da literatura o veículo do seu veneno, assumindo-se nela enquanto «homem livre», ou melhor, não reconhecendo género ao pensamento e à respectiva expressão. A Traficante de Crianças, postumamente editado em 2003, é um romance epistolar, cuja acção remonta ao século XVIII, o século das Luzes e da libertinagem, no qual uma alcoviteira especializada no tráfico de rebentos ensina a uma protegida as subtilezas da sua arte. Na correspondência entre Marguerite e Louise, é todo um mundo que é subvertido na aparência e onde as engrenagens, ainda que manobradas por outras mãos, continuam a triturar incansavelmente os mesmos indivíduos.
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