O opúsculo aristotélico em análise está diretamente relacionado com o problema da teorização política na Grécia, na medida em que foi produzido num momento em que a reflexão crítica sobre esta matéria havia já conhecido avanços determinantes. Não admira, portanto, que boa parte da obra do Estagirita reflita esta questão, tanto a nível da abordagem teórica das diferentes formas de governo, como no campo da sua realização histórica. É, aliás, nesta última vertente que se insere o tratado, enquanto exposição empírica do percurso evolutivo da constituição ateniense e descrição do funcionamento das suas instituições no séc. IV. […] O tratado encontra-se dividido em duas partes. A primeira segue uma linha expositiva diacrónica e estende-se desde o início perdido até ao capítulo 41; neste ponto, o autor faculta um resumo do que ficou referido para trás, tornando mais claro o seu objetivo: fornecer a história da evolução da constituição ateniense desde os começos até à última grande alteração ou metabole, a restauração democrática de 403. A segunda parte (caps. 42-69) descreve, numa abordagem sincrónica, o funcionamento da politeia no tempo do autor, que corresponde ao estádio da democracia radical. […] Ao longo destes sessenta e nove capítulos que compõem a parte conservada do tratado, são muitas as dúvidas e dificuldades com que os estudiosos têm de se debater. Ainda assim, o acervo de informação facultado pela Constituição dos Atenienses torna este opúsculo aristotélico num dos mais importantes documentos para a reconstrução da história constitucional ateniense e para o problema da teorização política na Grécia antiga.
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