Só. De fora, vinham remotos ruídos, como a vibração da franja de um sonho ou de febre. Na ponta do seu olhar cansado uma esfera. Homens de face torva abriam navalhas no escuro das algibeiras. Homens desvairados estoiravam no breve instante. Punhais, risos, sonhos, olhos de esperança e de lágrimas, ódio, amor - tudo rolava, largamente, para o silêncio sem tempo. Havia um mistério sombrio num destino assim. Os homens sonhavam-se deuses, porque só um signo de eternidade lhes justificava um passo, uma ideia. Cobertos de ignomínia, de punhos sangrentos, tinham sempre um brado para a distância ilimitada, um sonho que lhes aureolasse a lepra e o sangue. A morte vinha e cortava-os justamente pelo limite do seu brado."
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