Nesta era de teorias de supercordas e de cosmologia do Big Bang, estamos habituados a pensar no desconhecido como estando extremamente distante da nossa vida do dia-a-dia. As fronteiras do conhecimento dos físicos, dizem-nos, encontram-se na primeira fracção de segundo após o nascimento do universo, ou em reinos tão pequenos que não podem ser perscrutados nem mesmo pelas técnicas experimentais mais sofisticadas, ou ainda em regiões do espaço onde as forças da gravidade são tão fortes que nem a informação consegue escapar. As teorias mais recentes da física, de facto, referem-se a fenómenos tão inacessíveis que nem sequer sabemos se um dia seremos capazes de realizar as experiências necessárias para as testar - uma circunstância que levou algumas pessoas a falar do "fim da ciência."Mas em Um Universo Diferente, o laureado Nobel Robert B. Laughlin argumenta que ainda não chegámos ao fim da ciência - e nem sequer estamos perto. Estamos apenas a atingir o fim de um certo tipo de pensamento reducionista. Se em vez de olharmos para as teorias últimas considerarmos o mundo de propriedades emergentes - isto é, as propriedades, como a dureza e a forma de um cristal, que resultam da organização de um grande número de átomos - os mais profundos mistérios da natureza encontrar-se-ão num simples cubo de açúcar ou num grão de sal. Laughlin continua: as leis mais fundamentais da física - como as leis de movimento de Newton ou a mecânica quântica - são de facto emergentes. Elas são propriedades de grandes concentrações de matéria, e, quando a sua exactidão é examinada de perto, ela desaparece no vazio.Laughlin mostra-nos porque é que a nossa forma de pensar na física fundamental precisa de uma revisão, e porque é que os maiores mistérios da física não se encontram nos confins do universo mas bastante perto de nós. Um Universo Diferente leva-nos a um mundo - que surpreendentemente é o nosso - onde o vácuo do espaço tem de ser considerado uma espécie de matéria sólida, onde existem muitas fases da matéria e não apenas três, e onde um metal se assemelha a um líquido enquanto que o hélio superfluido se assemelha a um sólido. É um universo repleto de fenómenos naturais ainda por descobrir. Este é um livro verdadeiramente intrigante, que mostra aos seus leitores um mundo novo extremamente belo e misterioso.
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