As caravelas... eram apenas cascas de noz. No entanto, enquanto o resto da Europa se dilacerava entre a Guerra dos Cem Anos e as guerras religiosas, foi a bordo delas que, durante um século e meio, os marinheiros portugueses, tão audaciosos quanto obstinados, navegaram ao longo do litoral africano, dobraram o Cabo da Boa Esperança, atracaram nas costas brasileiras, impuseram-se em Calecute, no grande mercado mundial das especiarias. Poderiam ter parado por ali e regressado a casa com fortuna feita... Mas não! As caravelas prosseguiram o seu caminho em direcção ao Japão, à China e a Macau.Contudo, a grande epopeia das caravelas desapareceu um dia nas chamas das fogueiras da Inquisição. Os portugueses conservam ainda a alegre e orgulhosa saudade de terem sido os descobridores e os mestres dos oceanos, porque apesar de todas as tormentas que a História os fez atravessar, Portugal nunca foi um «país pequeno».Olivier Ikor deu a palavra, mas também carne e alma, aos actores dos Descobrimentos, sejam eles príncipe de sangue ou proscrito; capitão ou grumete; cristão, judeu ou muçulmano; mercador ou cientista. Cada uma destas navegações, que revolucionou o mundo, lê-se como um romance, ou melhor, como mil e um esboços de mil e um romances.
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