Este estudo surgiu da intuição de que o desenho geométrico do tempo, apresentado apenas em The Life of the Mind, condensa as múltiplas referências ao conceito de tempo que podemos descobrir ao longo da obra de Hannah Arendt. Ali encontramos o presente, situado no vértice do ângulo recto, o passado horizontal, o futuro vertical e o presente intemporal que se ergue numa linha diagonal. Este presente intemporal, esta linha diagonal – que é, sem dúvida, o motivo da construção do desenho – é o tempo de um pensar que, da sua janela privilegiada situada no mundo e no tempo, assiste à importância de toda a geometria, bem como à diluição a que o seu vértice e as suas linhas têm sido condenados. As metáforas da alienação, do naufrágio e do deserto são a representação desta diluição, da incapacidade actual de uma vivência plena no mundo, enquadrada pelas linhas que compõem o desenho geométrico do tempo. A alienação da Terra e do mundo questiona a possibilidade de vivenciarmos um presente intenso e potencialmente imortal, que, enquanto tal, depende da capacidade para enfrentarmos o futuro vertical e da atenção que devemos dar à horizontalidade do nosso passado. O deserto contraria esta atenção, e o naufrágio, aquela capacidade. Mas estará, porventura, nas mãos deste eu pensante atento ao mundo, aquele que compreende a importância de um regresso à Terra, da cultura e da salvação do naufrágio, a possibilidade de reanimar as linhas e o vértice do tempo. A esperança desta reanimação move um projecto em que o próprio pensar se alia à cultura e à política, manifestando plenamente o seu amor mundi.
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