O romance acompanha, em quadros breves mas significativos, a preparação, no meio fabril e rural, de uma greve geral e de uma manifestação clandestina, com vista a apresentar reivindicações salariais e uma forma mais justa de pagamento das jornas. Para primeiro plano salta, porém, a vida clandestina, a sua organização, a intensidade das relações entre companheiros, a sua gíria, as suas pequenas vitórias, num relato sobre homens que aceitam a vida como risco e como aposta na conquista de direitos essenciais. Segundo Óscar Lopes (cf. prefácio à edição ilustrada de Até Amanhã, Camaradas!, Lisboa, Avante, 1980), este romance, encetado nos anos 50 a 60, baniu "toda a ênfase (ainda à Zola), toda a vaga alegoria da esperança social, todo o jogo de escondidas feito de alusões que, devido a uma repressão interiorizada (e, um pouco, às pequeninas satisfações de tal jogo) emperram uma parte do neorrealismo dos anos 40 (e ainda posterior)", sublinhando ainda uma objetividade de que está ausente a ironia, firmada em imagens vivas, em diálogos diretos, na atenção a dados concretos e precisos. Até Amanhã Camaradas foi adaptado ao teatro por Jaime Gralheiro, em 1982, com o título O Homem da Bicicleta.
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