Este romance é um extraordinário documento sobre um processo histórico único no mundo, uma das mais solitárias lutas de libertação nacional. Em Timor-Leste, a FRETILIN travou contra o invasor indonésio uma guerra de independência que se estendeu por metade de uma ilha, isolada do resto do mundo e sem qualquer espécie de retaguarda onde os resistentes pudessem refugiar-se ou abastecer-se.Na terra invadida, a pátria estava na presença social, física e sentimental dos guerrilheiros, liderados por Nicolau Lobato. Os homens e as mulheres das FRETILIN eram de coração poderoso e os seus olhos pareciam olhar para o fundo do futuro. Eram homens e mulheres que permaneciam livres, mesmo na prisão, e que, mesmo nus, morriam de pé. O testemunho dos sobreviventes desta etapa, que vai de 1973 a 1980, repõe a memória concreta dos episódios então vividos pela nação timorense.Até à restauração da independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, a morte é a paisagem que tudo parece absorver. O que impressionou vivamente Joana Ruas foi essa experiência, ao mesmo tempo religiosa e laica, que, usando o cimento do sonho de liberdade coletiva, da fé e da força da linguagem, venceu a angústia da morte e a certeza da destruição.
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