Quando os gregos representavam os deuses ou personagens defuntos, desaparecidos no Hades, tentavam fazer ver o invisível. Essa operação pode explicar o paradoxo da imagem: oferecer à vista um objecto que não está lá, inscrever a ausência do representado na presença daquilo que o representa.A figuração humana dos deuses, a representação dos mortos marcam a passagem, na Grécia, do símbolo e do duplo à imagem. o símbolo religioso pressupõe que o sobrenatural surja na natureza para aí aparecer sob a forma de realidades duplas, das quais uma face se deixa ver, enquanto a outra permanece voltada para o invisível.A imagem não é uma aparição: é uma simples aparência. em face dos pares natural-sobrenatural, visível-invisível, a imagem institui uma dimensão nova, um outro domínio: o ilusório, o fictício, aquilo a que hoje chamamos arte.
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