«No imaginário feminino português, Charneca em Flor, celebra um ultrapassamento literário: ruptura com o estereótipo de mulher imposto pelo patriarcado. a partir daqui a dor e as Saudades (dotes de mulher) são já um fantasma que ela vê passar pelas vielas de Évora, na figura evanescente da Menina e Moça que fora. Revisitando agora a sua origem alentejana, a nossa investida Sóror Alcoforado (antiga Dama de Bernadim e mística Dona Garcia de Resende) despe a mortalha e abandona a clausura para, em comunhão telúrica, abrir-se em flor - impulso que, desejo erótico, é também paixão de morte. Todavia, dentro desse paradoxo, Florbela se experimenta (em voo livre do regional para o nacional) avatar feminino de Camões. e deste modo mergulha em definitivo na fonte do soneto - forma fixa que passara a vida a ajustar a fim de torná-la mais condizente ao seu género. Afinal, no seu espírito poético, o soneto não lembra a cela, da qual toda a mulher se quer evadir?!»
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