«De uma forma programática e veemente, Fernando Tordo coloca o mostrengo ao largo para poder navegar na escrita e partilhar connosco o que sente, o que ama e o que abomina, seja do ponto de vista conceptual, seja no plano estético. Talvez por ter vivido, há poucos meses, o temor da morte durante uma duríssima experiência pandémica, Fernando Tordo sabe que o mostrengo que por vezes nos sai ao caminho tudo ameaça e põe em causa. Liberto desse espectro, ele pode falar de tudo, desde as batatas fritas da Graça, até à costa ocidental da Índia, sobrevoada num tempo em que era preciso ir cantar no Oriente a que os portugueses chegaram, apesar de todos os mostrengos: os do escorbuto, da saudade e dos naufrágios. São assim os poetas, os viajantes e os outros, sem tempo certo, sem lugar fixo e sem medo. Também há lugar para «A bala perdida», que, certeira e traiçoeira, é bem capaz de se alojar no coração, como lembra o poeta.»
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