Publicada pela primeira vez em 1978, e nunca mais reeditada, esta “noveleta” marcou a estreia de Fernando Assis Pacheco nos domínios da prosa de ficção e desde logo se constata, nela, aquela desenvoltura estilística e aquele apurado sentido de humor que viriam a marcar, passados muitos anos, essa obra-prima que é Trabalhos e Paixões de Benito Prada.Fernando Assis Pacheco escreveu então na contracapa do seu livro:“Este livro é uma prosa acerca dos malefícios da guerra entendidos no tempo do inefável Marcial Caneta, quando se falava do Vietnam “por coisas da causa”. “Causa” que ninguém desposava; “coisas” que ficaram, alarves, para a gente conhecer enfim como puderam ser, e porquê. Não tenho por isso nenhum remorso de estilo. Eu queria apenas dizer “Gare Marítima de Alcântara”, “Lisboa”, num ano qualquer entre 1961 e 1974.Meto na prosa soldados, civis, incivis, chulos e putas, eu próprio estou lá, disfarçado de narrador-alferes, choro à bruta, gozo como um cabinda, narro, minto, finto o leitor, apetecia-me mandar o país Portugal ao tota, mas em segunda leitura sou um tipo basto moral e paro a meio palmo do traço proibido — ternuras! Quem grita no salto para o desconhecido é o meu preclaro comandado Frank Camiões.O coração em brasa pelos indefesos, xandras incluídas, vem do tempo em que eu aprendia jornalismo. Atenção à Brenda, esse pedaço de coxa! E ao Joe Louis, afilhado inevitável! Bebi em todas as barras de zinco de Lisboa até encostá-los ao peito.Literatura-literatura, bah. Noutra altura talvez. Viva o Português de quatrocentas calhoadas ao minuto, que é por onde respiro!”
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