Eis um livro deveras invulgar que, por isso mesmo, desperta desde logo as atenções. Debate a situação algo complexa em que se encontra a instituição literária. Deste modo, observa as mudanças ocorridas no tocante à circulação do livro, à predominância dos gostos de leitura no mercado, ao funcionamento editorial e à condição do escritor, entre outros temas conexos de notória incidência no âmbito geral da cultura. O autor propõe uma abordagem crítica, polémica embora compreensiva e também abertamente questionadora de certos fenómenos objectivos em concordância com o título Letras sob Protesto. Protesto, diga -se, de quem requer amor à literatura e não se compagina nem pacifica com derrogações utilitárias. Testemunha assumida do seu tempo, Arsénio Mota é um gostoso, quase compulsivo cultor da Crónica. Retoma aqui o género para reabilitar o modelo da crónica literária, alegadamente em extinção, inovando-o com alguns laivos certeiros de ficção ou de ensaio consoante os casos. Tudo isto serve para lembrar, com inegável oportunidade, que a Literatura, afinal, tem que ser arte ou não será nada. Estará a precisar de quem a defenda?
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