A DESOCULTAÇÃO SIMBÓLICA DA OBRA DE CAMÕESEntre a hermenêutica sagaz do esoterismo de Os Lusíadas, cifra da viagem iniciática do poeta, e a autobiografia de António Telmo, agora reconstituída a partir de inúmeras páginas que nos deixou, decide-se a vida espiritual do filósofo, num volume que revela dezenas de escritos inéditos.«‘Não tenho necessidade de acontecimentos extraordinários para que em mim nasça o espanto, porque tudo quanto vemos e ouvimos a toda a hora sinto-o como um milagre.’O José Marinho disse-me isto, visando talvez o meu interesse pelas ciências ocultas. É verdade que o disse a quem, como ele, apesar de lhe estar muito abaixo em experiência visionária, sabe ver, no entanto, na flor que abre, na folha que cai, no Sol que desponta e até no carro que rola segredos inefáveis.(...) Eu penso, talvez ao invés do insigne filósofo, que a capacidade de ver em tudo que é corrente o excepcional constitui o caminho ou a antecâmara para que o propriamente excepcional venha ao nosso encontro. Falo, evidentemente, do imprevisível que traz consigo o sinal do bem e da verdade.»António Telmo«Deve desde já o leitor habituar-se ao carácter fragmentário da investigação que lhe é proposta. Inspirada, experienciada, feita de viagens, errâncias e perigos, toda a obra de António Telmo, e, em particular, a vertente que nela foi consagrada à razão poética do épico imortal, nos aparece como um grande poliedro de faces diáfanas, laboriosamente construído. Aqui e ali, deu-nos o filósofo, sobre o assunto, as mais amplas vistas, rasgando visões panorâmicas; além, e mais além, relevou e revelou, como revérberos, subtis aspectos de pormenor - tudo isto numa síntese diacrónica de feição assistemática, bem ao arrepio da suficiência sobranceira que costuma assistir os tratadistas.»Pedro Martins in Prefácio
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