Da crítica liberal de Rosseau por Benjamim Constant ao assalto de Nietzsche e, a seguir, de Heidegger contra os valores do tradicionalismo, passando pela subversão marxista da racionalidade do mundo burgês, este volume mostra como mais de um século e meio de filosofia política foi denominado pela discussão do próprio programa da modernidade, ora para realizar mais radicalmente esse programa, ora para reformular o seu teor ou para erguer de novo contra os ideais democráticos as virtudes perdidas do antigo universo aristocrático. Irredutíveis umas às outras, tanto nos seus fundamentos como nos seus efeitos, as críticas evocadas aqui testemunham, quanto mais não seja pela repetição, o vigor do projecto moderno de ruptura com o regime da tradição. A multiplicidade antagónica das discussões liberais, positivistas, republicanas, anarquistas, socialistas e neotradicionalistas da modernidade política, surge como o sinal mais evidente de que, doravante, pela lógica desta modernidade, se excluía para sempre uma referência a quaisquer princípios absolutizados, até os da própria modernidade.
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